Vaudeville Rendez-Vous: o circo que ajuda a unir territórios

A quinta edição do festival internacional de circo contemporâneo, Vaudeville Rendez-Vous, que nasceu há cinco anos em Famalicão, arranca esta quarta-feira (25 de Julho), em Braga. Pelo terceiro ano consecutivo, o festival decorre nas cidades de Famalicão, Braga e Guimarães. Esta noite, os primeiros a subir ao palco do Rossio da Sé são os colombianos El Núcleo. Para o programador Bruno Martins, o grupo apresenta um espectáculo “muito poético e acrobático, que marca o reencontro entre amizades antigas”.
Em três cidades, durante quatro dias, serão apresentados dez espectáculos, dos quais três são estreias absolutas e quatro estreias a nível nacional. A programação conta, ainda, com várias actividades orientadas pelo Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), o habitual showcase para programadores internacionais e ainda a realização de um debate sobre a nova vaga de artistas nacionais de circo contemporâneo. O programador destaca o espetáculo “Esboço para paraísos” do INAC, a co-produção do CADOK, da Companhia Oliveira Batchelor, e a estreia absoluta do “Arquético Acto 3”, da Radar 360.
Para os representantes da cultura dos municípios que acolhem espectáculos, o Vaudeville Rendez-Vous faz da região “o território do novo circo”. O vereador de Famalicão, Leonel Rocha, fala numa “aposta ganha”. “É com enorme satisfação que vemos o crescimento do festival. Trata-se de algo diferente que não é habitual termos nos nossos territórios, uma ideia visionária que quisemos fazer”.
Já a vereadora da Cultura em Braga, Lídia Dias, refere que o festival de circo contemporâneo acabou por ter um grande impacto na programação da cidade. “Há três anos entendemos que não podíamos ficar à margem deste projecto e, a partir daí, notamos um aumento crescente por parte da comunidade nestes eventos, o que nos obrigou, e bem, a incluir em outros eventos o circo contemporâneo e estas novas linguagens”.
Em Guimarães, Paulo Silva, em representação da vereadora Adelina Pinto, vê no festival uma forma de unir o território. “Estamos a falar de um território que no contexto nacional, provavelmente, o terceiro palco cultural do país. E porque não enquanto território disputarmos o segundo lugar do ponto de vista da importância cultural? Esta responsabilidade coloca-nos perante a obrigação de estarmos na linha da frente daquilo que é a aposta cultural e artística, assim como explorar novas disciplinas”.
Em entrevista ao programa Campus Verbal, Bruno Martins, frisa a importância de um festival de circo contemporâneo no panorama nacional, mas sobretudo local. O programador defende “um duplo investimento” do governo no circo contemporâneo em Portugal. É preciso “fazer mais para equilibrar esta área com a dança ou o teatro”, refere.
Bruno Martins explica que não existem no país muitos espaços em que se possa desenvolver esta iniciativa. “Não podemos desenvolver espectáculos desta área numa sala de 10×10 com um tecto de cinco metros. É impossível! Exige equipamentos de segurança que o nosso país não tem em grande número. Famalicão conta com o INAC, mas como é uma escola muitas das vezes esses equipamentos estão a ser consumidos pelos próprios estudantes”.
Sobre o futuro das artes de circo, Bruno Martins admite que “dentro de cinco a dez anos” o país poderá “começar a colher frutos dos artistas que estão agora a ser formados” na área do circo contemporâneo.
