Venda da Confiança. Da Junta de S. Victor à AM de hoje

A Assembleia Municipal de Braga (AM) vota esta quinta-feira a alienação da antiga Fábrica Confiança. O assunto tem dominado a actualidade concelhia. As vozes críticas à postura de Ricardo Rio nesta matéria têm-se multiplicado. Começaram pelo presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Ricardo Silva, apoiado nas duas últimas eleições autárquicas pela própria coligação Juntos por Braga. O jovem independente mantém a posição de sempre em relação à antiga fábrica: deve continuar no domínio municipal e, de preferência, servir para fins culturais. Numa reacção inicial à tomada de posição pública de Ricardo Silva, o autarca Ricardo Rio disse respeitar as opiniões divergentes, mas acusou-o de se demarcar da elaboração do caderno de encargos para a alienação do espaço, quando convidado pelo município, e ainda de se contradizer, uma vez que em 2017 aprovou o caderno eleitoral da coligação Juntos por Braga à Câmara Municipal de Braga, onde constava a possibilidade de alienação.
Seguiram-se dois debates organizados pela Junta de Freguesia de S. Victor, muito participados pela sociedade civil, mas também pelas forças políticas à esquerda representadas na Assembleia Municipal de Braga (PS, CDU e BE). Confrontado com as conclusões dos debates realizados, o presidente do município insistiu que a posição estava tomada, afastou qualquer alternativa viável que demovesse o município de seguir para a frente com a venda do imóvel adquirido há seis anos, e discordou da reflexão feita por urbanistas e arquitectos consultados pela junta de freguesia. Pelo meio dos debates, a reunião de câmara do executivo com a aprovação da alienação por parte da maioria. Cinco votos a favor, quatro votos contra. Miguel Bandeira assegurou que o caderno de encargos defendia aquele património e não faria esquecer a importância daquela fábrica situada na rua Nova de Santa Cruz.
No segundo debate, especialistas do urbanismo e arquitectura e um historiador da era industrial arrasaram esse mesmo caderno elaborado pelo vereador do urbanismo.
Ainda na noite do primeiro debate, foi decidido o lançamento de uma petição pública pela defesa daquele património. Já ultrapassou as 1500 assinaturas.
As associações cívicas voltaram às ruas para reivindicar a continuidade da antiga Fábrica Confiança. Da ASPA à velha-a-branca, passando pela Jovemcoop, a Braga Mais, a Krizo ou até mesmo a Encontros da Imagem. Todas falam a uma só voz: “a alienação da Confiança, não”.
Dos partidos políticos à esquerda surgiu uma segunda ‘geringonça’. A primeira tinha sido criada pela defesa do S. Geraldo, e foi bem sucedida. Agora, aparecem novamente juntos pela suspensão da alienação. Na semana passada manifestaram essa mesma união à porta da antiga fábrica. Seguiram-se sessões públicas para recolher assinaturas junto da sociedade civil bracarense e esta semana, na noite de terça-feira, um Sarau Cultural que juntou uma centena pela manutenção daquele edifício na esfera municipal, e a sua requalificação.
Também esta semana, no mesmo dia do Sarau Cultural, um grupo de cidadãos enviou uma nota para a UNESCO a denunciar o facto de Braga, Cidade Criativa da UNESCO na área das Media Arts, estar a desrespeitar a carta de Dublin.
O presidente do município de Braga não esconde a existência de vários interessados na compra daquele imóvel. As vozes críticas acabaram por subir de tom depois de Ricardo Rio ter dito, em declarações à RUM, que a decisão da venda do imóvel cabe agora aos deputados eleitos para a Assembleia Municipal e não às vozes descontentes.
Da esquerda às associações culturais da cidade, passando por cidadãos sem simpatias partidárias, são muitos os descontentes. Depois de várias acções, que se intensificaram desde a decisão conhecida na reunião do executivo, o movimento contra a alienação estará hoje em força na Assembleia Municipal, local onde será conhecida a decisão final. Os partidos e o presidente da Junta de S. Victor têm apelado aos bracarenses para que se desloquem em massa à AM desta noite no Altice FORUM Braga. No período antes da ordem do dia aguardam-se vários depoimentos em defesa da Confiança.
Áudio:
Ricardo Rio afirma que é a melhor solução. Partidos da oposição criticam. Presidente da JF de S. Victor também
