A Arte da Comédia: quando a ficção (também) é realidade

O primeiro espectáculo do ano do Teatro Oficina sobe ao palco do Centro CUltural Vila Flor (CCVF) esta noite. O texto, do italiano Eduardo De Filippo, é de 1964, mas não podia ser mais actual.

Nesta peça, chamada de “A Arte da Comédia”, discute-se a importância do teatro municipal para a população e para o território onde está inserido. Esta peça coloca nos papéis centrais um presidente de Câmara e o director de uma companhia de teatro municipal. Quando os actores são obrigados a trocarem de local de trabalho, tudo muda.

Com muito humor e ironia à mistura, estas duas personagens discutem os problemas do teatro. João Pedro Vaz, director do Teatro Oficina e encenador deste espectáculo, explica que “afinal de contas, o presidente da Câmara, que já foi um actor amador, é um nostálgico por uma certa ideia do teatro. Para esta personagem, o teatro é muito obscuro e muito político, o que acaba por aborrecer o público. Ou seja, hoje em dia ninguém escreve bem para teatro”.

Ao longo da peça discute-se o teatro e os governantes, o público e os subsídios. Com o atraso do Governo na concessão de apoios públicos às artes, João Pedro Vaz explicou que esta estreia é uma “infeliz coincidência” com o panorama nacional. “Como se diz na ficção, qualquer semelhança com a realidade é uma coincidência. Neste caso, a frase seria qualquer coincidência é uma semelhança com a realidade”, afirmou.

A estreia acontece esta noite, pelas 21h30, no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor. “A Arte da Comédia também poderá ser vista amanhã, no mesmo horário. Os bilhetes custam 5 euros (3,5 euros para quem tem Cartão Quadrilátero, ou 2,5 euros para os portadores do Cartão Rede TO).