“Arca do Noé” vegetal está em Braga e tem 40 anos

O Banco Português de Germoplasma Vegetal (BPGV) faz 40 anos. Para celebrar a efeméride concentram-se, esta sexta-feira, em Braga, no Auditório Vita, especialistas de todo o mundo “in vitro vegetal” para reflectir a importância deste “bancos” que dão créditos “em sementes”.
Em Braga, em Merelim São Pedro, está um dos mais importantes do mundo e que tem ao leme desta “Arca de Noé” de sementes vegetais Ana Barata. “São mais de 200 espécies distribuídas por cerca de 17 mil populações que se encontram conservadas em frio, in vitro e no campo. Temos ainda 45 mil variedades tradicionais no banco, dos quais mais de duas mil são de milho e 1700 de feijão”, contabiliza.
De acordo com a responsável, “ainda recentemente se forneceu à Síria sementes de forma a repor o que o Daesh destruiu”. “No EUA ficaram destruídas importantes plantações devido aos furacões. Não é só a questão de manter a espécie vegetal, mas também a continuidade da produção de alimentos face ao crescimento da população”, frisa
Ana Barata, que tem nas mãos a mais importante reserva de sementes do mundo de milho.
O BPGV é bem capaz de ser o banco menos conhecido em Portugal e até em Braga é “palavrão” difícil de perceber o que faz, onde fica ou para que serve. Daí que Ricardo Rio, autarca de Braga, tenha pedido “maior abertura” às sementes. “À semelhança do que tem feito o INL, temos que trabalhar mais com o BPGV para o aproximar mais, não só dos portugueses, mas dos bracarenses. Que faça parte do dia-a-dia das escolas e instituições”, refere.
Para Mota Alves, dirigente da Associação para o desenvolvimento das Terras do Alto Homem, Cávado e Ave (ATAHCA), a importância do BPGV é fundamental para a coesão dos territórios, para que as populações se fixem em zonas menos povoadas recuperando alguma das plantações seculares. “Temos freguesias e lugares a ficar desertos. Vão-se perdendo pessoas e o que elas produziam, esquecendo assim algumas tradições e espécies de culturas. O Banco disponibiliza este acervo de sementes que pode levar vida aos lugares que entretanto foram desocupados, criando novas plantações, dinamizando agricultura e a economia local”, destacou.
