Carlos Fiolhais apela à criação de mais emprego científico

O investigador Carlos Fiolhais alertou os empresários ligados às fibras têxtil para empregar “quadros com doutoramento” de forma a que o país não perca “gente muito boa”. O investigador esteve ontem durante a tarde na conferência da plataforma Internacional Fibrenamics da Universidade do Minho, em Guimarães, onde alertou para o problema do emprego científico. Para Carlos Fiolhais o número de doutorandos tem crescido, mas não têm resposta ao nível empresarial sendo este, segundo o investigador, “um dos problemas de Portugal”.
“Estamos a formar pessoas muito boas que não encontram emprego. Não estão ser absorvidas pelo mercado de trabalho, pessoas capazes de fazer riqueza. Há mais doutores hoje, o crescimento tem sido grande, mas a promoção não mudou muito. Por outras palavras gente boa, capaz de transformar o mundo, mas não lhe dão oportunidade de o fazer”, frisa.
O investigador não concorda ainda com a ideia de que “não há fugas de cérebros”. “Se perguntarem aos estudantes muito deles querem ir embora. É a realidade, muitos vão embora. Eles estão espalhados pelo mundo, em grandes instituições e com muita qualidade. Não estamos a reconhecer o valor das pessoas”, destaca.
“Temos que criar aqui oportunidades nas universidades, mas sobre tudo nas empresas”, voltou a frisar, afirmando que “é preciso investir muito mais em ciência e tecnologia”. É preciso estabelecer metas concretas e devia haver uma monitorização do alcance dessas metas. Falasse muito, mas devem dizer queremos no ano tal ter estes números”.
Carlos Fiolhais aponta o caminho da ligação entre o Ensino Superior e a indústria, dando mesmo o exemplo do que está a ser feito no Fibrenamics. A sessão contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, e o responsável do Fibrenamics, Raul Fangueiro.
