Pais falam em “falta de comida” nas escolas de Braga

O serviço de refeições escolares prestado em Braga sob a alçada da Bragahabit não é adequado às necessidades das crianças do concelho. A denúncia é feita pela Federação Concelhia das Associações de Pais de Braga.
Esta manhã, no final da reunião de Câmara, um grupo de representantes destas associações garantiu que o serviço prestado é “mau” e denunciou alguns casos em que não há comida suficiente para as crianças. Estes pais criticam o novo modelo de gestão, que passa agora a estar sob total gestão da Bragahabit, e acusam a empresa municipal de ter comportamentos “vergonhosos” no exercício das funções relativas às refeições escolares no concelho bracarense.
“Têm havido situações pontuais em que a comida não chega para todos, inclusivamente a sopa. É compreensível que algo do género aconteça nos primeiros dias, mas a verdade é que a situação já se repetiu diversas vezes e em mais do que uma escola”, disse Manuel Ribeiro, presidente da concelhia das associações de pais de Braga.
No ano passado estava garantido um acordo tripartido entre o município, a Bragahabit e as Associações de Pais. A empresa municipal garantia o serviço de refeições nas 10 escolas que tem sob sua alçada e as respectivas associações garantiam a vigilância e segurança dos mais novos até ao momento do regresso às salas de aulas, recebendo o respectivo valor acordado com o município (cinco euros por criança). Este ano, esse acordo não foi renovado e é a Bragahabit a responsável por todo o processo. Manuel Ribeiro lamentou que as Associações de Pais estejam a ser afastadas deste processo e garante que a alteração do processo tem criado “constrangimentos graves”, como é o caso da falta de assistentes operacionais que consigam assegurar a segurança das crianças.
“No ano passado, o acordo previa o acompanhamento das crianças durante e depois do período de refeição. Este ano, essa situação não consta da deliberação tomada a 5 de Setembro, o que tem causado problemas graves nas escolas do concelho, o que leva a autarquia a procurar soluções de última hora”, disse.
Lídia Dias também reconheceu a existência de “problemas pontuais nos primeiros dias” do novo ano lectivo. A vereadora com o pelouro da Educação na autarquia bracarense explicou que, este ano, houve uma “alteração global deste tipo protocolos” que obriga ao pagamento conjunto dos serviços de refeições e de vigilância, o que não acontecia até ao ano passado, em que o pagamento do serviço de vigilância era feito à parte.
“Não podemos dividir despesas e, por isso, todo o valor é pago às instituições responsáveis pelo serviço de refeições nas escolas do concelho”, afirmou Lídia Dias.
Manuel Ribeiro lembrou, ainda, que o valor transferido para a Bragahabit, à conta deste novo acordo, passou dos 5 euros para os 8 euros, “um aumento de 60% em relação ao ano passado”. “Na prática, é pago um valor bastante superior que, no final de contas, reflecte um serviço de menor qualidade”, concluiu.
Bragahabit justifica atrasos e falhas à conta da mudança de fornecedor
Vitor Esperança, administrador da Bragahabit, esteve presente na reunião camarária desta Segunda-feira e disse que, em Julho, teve de recorrer a um novo fornecedor de serviços e que, por isso, houve alguns atrasos na atribuição de assistentes operacionais nos primeiros dias de aulas, situação que “já está resolvida”.
Vítor Esperança garantiu, ainda, que não houve falta de comida, mas sim algumas “falhas no correcto empratamento” das refeições. “Os novos funcionários não estavam formados para as respectivas funções e, por isso, aconteceram algumas falhas na altura do empratamento, algo que já foi corrigido”, afirmou.
Oposição lamenta a situação vivida nas escolas de Braga
A oposição de Braga também já reagiu às denúncias feitas esta manhã. Carlos Almeida voltou a dizer que é contra a gestão de todo o processo pela BragaHabit. O vereador da CDU disse que “o município deveria ter a responsabilidade de gestão de todo o processo”. “Assistimos a uma incerteza absoluta: quem faz o acompanhamento das crianças? Não há nenhuma garantia”, afirmou.
Artur Feio, vereador do PS, disse que “a autarquia tem a responsabilidade de resolver este problema. Está a hipotecar-se o futuro da região quando não se dá a importância necessária à escola pública”. “Os responsáveis do município devem ir ao terreno perceber se estes serviços são bem prestados. Se for preciso reforço de verbas, que se corte nas festas e festinhas tão importantes para a actual maioria. Esta é uma situação intolerável”, afirmou.
